sábado, 14 de julho de 2012

13. Terapia alternativa

Cirurgia marcada, o dia estava quase chegando, muitas dúvidas (seu cérebro vai inverter, disse o médico mais recente), e agora uma sugestão de visitar uma terapeuta. Era a terapeuta de meu irmão, ela poderia ter uma solução menos radical para minha hidrocefalia.

Lá fui eu. O consultório não ficava exatamente perto, demorei mais de uma hora de carro. A sala de espera era muito interessante. Música zen, livros alternativos (acupuntura, Arte da Guerra e até revistas em quadrinhos).

A consulta anterior terminou, escutei a paciente comentar que o filho dela já estava muito melhor, que a terapia havia feito milagres. Fiquei animado. Bom, não exatamente animado, eu estava muito cético para isso, fiquei mais é curioso.

A terapeuta estava com minhas ressonâncias, meu irmão havia levado tudo para ela ver. Ela comentou, muito sensatamente, que pediu para me ver porque não poderia dar opinião alguma antes de uma conversa. Ela precisava me conhecer.

Começamos então uma espécie de terapia mesmo. Falei sobre minha vida, minhas ansiedades, meu jeito de ser e, claro, sobre minha hidrocefalia. Disse que após inúmeras consultas, várias opiniões divergentes, parecia que a ventriculostomia seria a melhor solução para tratar meu problema.

Ela disse que a maoria não acreditava em processos alternativos, mas que já havia curado até um problema cardíaco em um recém-nascido. Eu não sabia se acreditava ou se comemorava.

Ela pediu licença para me examinar fisicamente. Detectou então vários pontos de tensão em meu corpo, fez até um relaxamento em meu pescoço. Foi um tranco e tanto (rs). Bom, o tranco só aconteceu quando ela fez um movimento brusco com minha cabeça em sentido horário, porque no sentido antihorário mostrei total resistência. A tal manobra não me surpreenderia mais, eu estava tenso. Acho que isso nem foi bom, eu deveria ter permitido, mas foi involuntário!

O tratamento foi rápido, ela espetou umas agulhas em mim ... e eu que sempre fui resistente a estas coisas. Puro preconceito, mas certamente eu não estava pronto para isso naquele dia. As agulhas me deixaram muito irritado.


Ao final da consulta, ela disse:

– Se eu tivesse mais tempo, e você quisesse, conseguiríamos resolver seu problema. Você não precisaria fazer a cirurgia!

Pronto, e agora, pensei eu, o que fazer? Cirurgia marcada, autorizada pelo plano de saúde, equipe médica e hospital agendados. O que fazer? Eu precisava pensar. Agradeci a consulta - ela nem cobrou, foi só uma conversa - e fui embora.

A dúvida era atordoante, afinal um procedimento alternativo seria muito melhor, menos arriscado, do que uma cirurgia no cérebro. Nem havia dúvidas quanto a isso. Mas funcionaria?

Parei o carro, liguei para uma prima, pedi ajuda. Ela não sabia o que falar, mas se lembrou de um médico que também usava métodos alternativos - medicina oriental - para tratar alguns casos. O bom é que ele era alopata, formado em uma faculdade tradicional, mas praticava a medicina alternativa. E minha prima frequentava seu consultório regularmente.

Não tive dúvidas. Dali mesmo do carro marquei uma consulta. Mais uma consulta! Nem havia horário para mim, mas acho que fui bem enfático em meus argumentos. Consegui um horário no dia seguinte. No próximo artigo conto o que aconteceu, conto como minhas dúvidas ficaram ainda maiores.


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