sábado, 15 de setembro de 2012

21. Antes da ressonância

Algumas pessoas mais velhas dizem que os médicos antigamente entendiam melhor os pacientes. Eles não precisavam de exames em laboratórios, só pela conversa no consultório e pelos exames feitos ali mesmo, todo bom médico sabia tratar uma pessoa doente.

Pois então, eu precisava fazer a tão esperada ressonância para saber o que estava acontecendo com meu cérebro. Porém, desta vez fui ao laboratório com um outro estado de espírito. Eu parecia até aqueles médicos de antigamente, sabia que algo de bom havia acontecido. Eu estava sentindo isso.

Antes do exame, já havia retomado algumas de minhas atividades normais. Havia retomado minhas aulas - sou professor, voltei para minhas aulas de dança - mas aqui como aluno, estava visitando clientes e até passei uma tarde comprando equipamentos e acessórios necessários para meu computador e minhas aulas.

Preciso comemorar uma conquista aqui: as aulas de dança. Minhas colegas estavam elogiando meu estilo, minha segurança. Havia parado as aulas por três meses, mas voltei muito melhor. Claro, voltei sem o excesso de líquor em meu cérebro. Que sensação boa!


Eu e minha mulher dançando!

No dia marcado para o exame, talvez eu fosse a pessoa mais feliz naquele laboratório. Eu estava lá para comprovar o sucesso de minha cirurgia, a terceiro ventriculostomia. Foi com muita alegria que preenchi a ficha justificando o exame:

Acompanhamento de cirurgia no terceiro ventrículo.

Durante o exame, eu estava tão tranquilo e feliz que cheguei a - acreditem - dormir. Aquele barulho alto, que incomoda muita gente, estava embalando meu sono. Cheguei a confundir - em meu sonho - os sons do aparelho de ressonância com a buzina de um navio. Sonhei que estava partindo em um cruzeiro!

O exame ficaria pronto em uma semana. Que demora, gostaria de ver o resultado ali mesmo. Mas, tudo bem, eu aguardaria. Neste meio tempo, tive mais aulas para ministrar, mais clientes para visitar.

Interessante é que até a cicatrização em minha cabeça estava acelerada. Não havia praticamente sinal algum da cirurgia. Só as pessoas que sabiam dela é que conseguiam enxergar algum sinal do corte. E olha que sou careca, a cicatriz deveria ser muito visível. Mas não, ninguém via!

Não comentei, mas antes mesmo da ressonância, fui convidado por uma amiga para um passeio em Paraty. Claro que fui, havia muita vida para viver. Quem já foi a um passeio típico lá sabe que quase todos fazem um passeio de escuna. Um dia inteiro no mar!

A escuna para em alguns pontos, as pessoas mergulham, é tudo uma festa. Na primeira parada fiquei olhando todo mundo mergulhar, estava com medo de tentar. Mas na segunda não tive dúvida, pulei de corpo e alma no mar. Dá para acreditar? Havia saído há pouco de uma cirurgia! Ainda há pouco eu estava com problemas para caminhar! Imaginem, agora eu havia MERGULHADO NO MAR! É uma sensação inacreditável!

Já estava chegando o dia marcado para pegar a ressonância. Eu estava ao mesmo tempo MUITO ANSIOSO - queria comprovar os bons resultados - e CALMO, sabia que tudo estava certo...




Um comentário:

  1. Oi Fernando fiquei comovida com sua história tenho um filho de 15 anos que teve hidrocefalia mas os médicos não sabem o porque da hidro dele a gente vive com o Coração na mão !!!

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